Bropriating
Refere-se ao ato de um homem se apropriar de uma ideia, sugestão ou fala originalmente apresentada por uma mulher, recebendo o crédito ou reconhecimento que a autora original não obteve.
Definição
Um neologismo que combina as palavras "bro" (gíria para irmão, frequentemente usada para se referir a homens) e "appropriating" (apropriar-se). O termo descreve a dinâmica em que uma mulher expressa uma ideia ou contribuição, que é ignorada ou desvalorizada, mas que posteriormente é apresentada por um homem e recebe reconhecimento e validação. Este fenômeno é uma manifestação sutil de desigualdade de gênero, especialmente comum em ambientes profissionais e acadêmicos. A apropriação de ideias femininas por homens não é um evento isolado, mas parte de um padrão de desvalorização da voz e da inteligência feminina. Frequentemente, a mulher que originalmente apresentou a ideia pode ser percebida como assertiva demais ou sua contribuição é subestimada, enquanto o homem que a repete é visto como inovador ou perspicaz.
Como funciona
O bropriating opera através de uma dinâmica de poder e percepção social. Uma mulher apresenta uma ideia em um grupo, mas sua contribuição não é notada ou é minimizada. Posteriormente, um colega homem reitera a mesma ideia, talvez com uma ligeira reformulação, e então recebe elogios e crédito por ela. A originalidade da mulher é apagada, e o mérito é transferido para o homem. Este mecanismo é reforçado por vieses inconscientes que tendem a associar autoridade e competência à figura masculina, enquanto a voz feminina pode ser menos valorizada ou até mesmo ignorada. A estrutura hierárquica e as normas sociais em muitos ambientes contribuem para que essa apropriação passe despercebida ou seja normalizada.
Exemplos
- Em uma reunião de equipe, uma mulher sugere uma nova estratégia de marketing que é recebida com silêncio. Minutos depois, um colega homem propõe a mesma estratégia, e o gerente a elogia como uma "ideia brilhante".
- Durante uma discussão acadêmica, uma estudante apresenta uma análise inovadora, mas a professora não a comenta. Mais tarde, um colega homem reitera a mesma análise, e a professora o parabeniza pela profundidade de seu pensamento.
- Uma desenvolvedora de software sugere uma solução técnica para um problema complexo. A sugestão é ignorada até que um colega homem a apresente como sua própria, recebendo o reconhecimento da equipe.
Quem é afetado
As mulheres são as principais afetadas pelo bropriating, especialmente em ambientes dominados por homens, como corporações, academia, política e tecnologia. Mulheres de grupos minorizados, como mulheres negras, indígenas ou LGBTQIA+, podem experimentar este fenômeno de forma ainda mais acentuada, devido à intersecção de múltiplos preconceitos. A invisibilidade de suas contribuições mina sua autoconfiança e impede seu avanço profissional.
Por que é invisível
O bropriating é invisível porque muitas vezes é sutil e pode ser atribuído a "falhas de comunicação" ou "coincidências". A desvalorização da voz feminina é tão internalizada em algumas culturas e ambientes que a apropriação de ideias pode não ser percebida como uma injustiça, mas como parte da dinâmica normal. A falta de reconhecimento formal e a dificuldade em provar a autoria original contribuem para sua invisibilidade, tornando difícil para as mulheres contestarem a situação sem serem vistas como "reclamonas" ou "sensíveis".
Efeitos
Os efeitos do bropriating são significativos e prejudiciais. A longo prazo, a constante apropriação de ideias pode levar à desmotivação, à diminuição da participação e à perda de confiança das mulheres em suas próprias capacidades. Isso pode impactar negativamente suas carreiras, limitando oportunidades de promoção e reconhecimento. A saúde mental também é afetada, com sentimentos de frustração, raiva e desvalorização.
Autores brasileiros
- Heloísa Buarque
Autores estrangeiros
- Jessica Bennett
